Neste artigo falaremos sobre as dificuldades de se ter uma liderança centralizadora e operacional e como isso pode impactar negativamente a performance, bem-estar e desenvolvimento da equipe, afetando o negócio como um todo. Também abordaremos caminhos de solução através das lideranças humanizadas e estratégicas e como treinar líderes para construir esse tipo de gerenciamento.
Muitos líderes têm encontrado dificuldades em desenvolver o lado mais estratégico e humanizado do gerenciamento. Estratégia em termos de liderança não se trata apenas em desenvolver equipes, mas também de sustentar e multiplicar a Cultura da organização, participar ativamente na construção e no planejamento estratégico do negócio, construir metas e indicadores quantitativos e qualitativos, promover a integração entre diferentes áreas e setores da empresa e muitos outros pontos.
É bastante comum encontrar nas organizações o oposto desta liderança que acabamos de descrever. É mais presente nas empresas lideranças centralizadoras, que focam a maior parte do tempo nas atividades operacionais do dia a dia, perdendo a sua capacidade não só de exercer a liderança de forma humanizada, como também de potencializar a sua equipe, aumentar sua força produtiva e atuar de forma mais estratégica.
Quando um líder centraliza e foca no operacional, ele está deixando de desenvolver e potencializar os colaboradores da sua equipe. Por exemplo: em uma liderança centralizadora é comum que em um grupo de 10 pessoas somente o líder – e no máximo mais uma pessoa – executem, de fato, as atividades mais relevantes, o que diminui consideravelmente a produtividade da área, prejudicando a organização como um todo.
Desenvolver e potencializar os colaboradores de uma forma geral inclui a capacidade de delegar as tarefas de maneira eficiente e assertiva, permitindo ao líder poder focar na parte mais estratégica das suas atividades. Delegar e dar autonomia é fundamental para aumentar a performance da equipe. E somente uma Cultura Organizacional clara e fortalecida dentro da empresa pode promover esse tipo de gerenciamento, já que a cultura oferece os insumos e o direcionamento necessário para que os colaboradores consigam tomar decisões mais conscientes, sem a necessidade constante do envolvimento e participação da liderança.
Ao ampliar a autonomia e independência dos colaboradores, esse líder ganha mais tempo para realizar melhorias na sua área, aperfeiçoar a sua atuação, desenvolver melhor a sua equipe e se envolver em assuntos mais estratégicos da empresa, apoiando o crescimento e expansão do negócio.
Liderar de forma humanizada e estratégica é conhecer profundamente a sua equipe, as potencialidades de cada colaborador e os desafios pelos quais eles passam, conseguindo, com base na Cultura Organizacional e direcionamentos que vem dela, formar equipes de alta performance.
A liderança humanizada e estratégica trabalha a serviço do desenvolvimento da sua equipe, oferece o suporte e as orientações necessárias, fortalece o time, oferece espaço para que o colaborador coloque em prática seu conhecimento e solucione problemas com autonomia, autogestão e autoconfiança.
Uma pesquisa da consultoria estadunidense Gartner realizada em março de 2022 revelou que houve um aumento de 37 pontos percentuais no número de funcionários com alto engajamento que se reportaram a um líder que gerencia de maneira humanizada, em comparação com funcionários que não possuem um líder com essas características. Além disso, esse aumento se prova muito significativo, pois funcionários altamente engajados melhoram o desempenho da equipe em até 27%.
A mesma pesquisa também traz outro dado importante: foram cerca de 3.400 profissionais entrevistados e apenas 29% deles relataram possuir uma gestão de liderança humanizada, portanto existe um espaço bem amplo de crescimento para a formação de lideranças humanizadas e estratégicas, fato que pode se apresentar como um ponto bastante atraente para uma marca empregadora.
Impactos negativos da liderança centralizadora e operacional
A falta de uma liderança humanizada e estratégica pode trazer impactos negativos para a organização. Um exemplo é o distanciamento que ela pode trazer entre líderes e colaboradores, onde os primeiros tratam os últimos apenas como recursos operacionais para alcançar resultados.
Isso pode levar a um ambiente de trabalho desmotivador, com baixo engajamento e alto índice de rotatividade de profissionais. A falta de uma liderança estratégica, por sua vez, pode resultar em decisões improvisadas e falta de planejamento a longo prazo. Além disso, a ausência de uma visão clara para o futuro da empresa pode dificultar a identificação de oportunidades de crescimento, melhorias contínuas e a proposta de soluções para os desafios.
Como posso identificar se as minhas lideranças estão na contramão das lideranças humanizadas e estratégicas?
É só validar se os seus líderes preferem:
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Centralizar do que delegar: uma liderança centralizadora é aquela que confia apenas em si mesma para a realização de tarefas importantes, dificultando o processo de autodesenvolvimento e autonomia da equipe. Muitos líderes acabam resistindo ao ato de delegar, porque não entendem a curva de aprendizado necessária para treinar a equipe. Além disso, centralizar e não delegar, diminui a confiança dos colaboradores, gerando queda no rendimento, perda de talentos e até layoffs em massa (demissão voluntária dos colaboradores).
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Depender de um único colaborador: algumas lideranças até delegam, mas apenas para aquele colaborador que performa muito bem, entrega resultados, ou seja, aquela pessoa 100% confiável, o famoso “braço direito”. Ao ter um braço direito, essa liderança acaba deixando de ser estratégica, pois torna-se muito dependente de um único colaborador, concentrando os resultados da área naquela pessoa. Ao focar em um único colaborador, o líder deixa de treinar a equipe como um todo e de se atentar ao talento e individualidade de outros profissionais, que poderiam, na prática, melhorar seu desempenho e performance com o apoio e desenvolvimento do seu líder direto.
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Delegar tarefas e centralizar decisões: é comum líderes afirmarem que delegam as atividades e que, mesmo assim, estão sempre sobrecarregados, pois são procurados constantemente pelos colaboradores para resolver pontos urgentes – o famoso “apagar fogo” – ou mesmo são procurados para tomar pequenas decisões. Tudo isso não alivia o tempo do líder para se dedicar às atividades de maior impacto e mais estratégicas. Nesta situação, o líder já consegue delegar tarefas, mas ainda não consegue delegar a tomada de decisão, que é o segundo estágio do processo de delegação. Portanto, o ato de delegar – e dar autonomia de fato – acontece quando o colaborador passa a conseguir tomar decisões relacionadas aos assuntos pertinentes às atividades que ele está desempenhando, sem a necessidade constante da presença do líder.
Lideranças que se concentram no aspecto humano
Uma liderança que é madura e acompanha o crescimento da organização, é uma liderança autônoma, consciente de si, com clareza de propósito e focada em desenvolver pessoas. Ela sabe utilizar melhor os talentos que têm, compreende as necessidades e aspirações dos colaboradores e respeita a individualidade de cada um. Além disso, ela sabe fazer uso de todas essas características de forma estratégica para apoiar a organização a alcançar os seus resultados.
Segundo o estudo “Efeitos de Práticas Positivas na Eficácia Organizacional” (Cameron et al., Universidade de Michigan), quando as lideranças adotam uma visão de negócios centrada no ser humano e que enfatiza o respeito, a confiança, compaixão, empatia e sabedoria, o desempenho da organização aumenta junto com o bem-estar individual dos colaboradores.
Ainda segundo a pesquisa da Gartner, 90% dos cerca de 230 gestores de recursos humanos entrevistados acreditam que para ter sucesso no ambiente de trabalho, os líderes devem se concentrar nos aspectos humanos da liderança. Além disso, a Gartner revela que organizações com líderes mais humanos possuem equipes que apresentam um melhor bem-estar, têm menos rotatividade e maior engajamento.
A liderança humanizada e estratégica lidera com propósito e valores definidos, tendo a autoconsciência de olhar para si primeiro, para depois olhar para o outros, criando conexões positivas e uma comunicação eficiente e transparente. Ela entende que por meio de uma Cultura Organizacional forte é possível promover autonomia e independência das equipes.
Líderes mais humanos e estratégicos apresentam uma visão clara para o futuro da empresa, investem no desenvolvimento da equipe para a entrega de resultados a curto, médio e longo prazo, melhoram processos, disseminam a Cultura Organizacional e promovem autonomia e interdependência entre equipes.
Como desenvolver uma liderança humanizada e estratégica?
O desenvolvimento de uma liderança humanizada e estratégica inclui trabalhar a inteligência emocional dos líderes, ajudando-os a desenvolver escuta ativa, empatia, comunicação interpessoal, conexões genuínas, construção de relações e habilidade de lidar com as suas próprias emoções e as dos outros.
O processo também inclui trabalhar a diversidade de colaboradores, formar equipes de alta performance, somar o talento de cada um, gerenciar pontos de conflitos e divergências existentes de ideias, pontos de vistas, histórias, experiências e conseguir, a partir de tudo isso, gerar inovação.
Somado a isso, é fundamental preparar as lideranças para trazer clareza sobre seu papel, suas atividades de maior impacto, clareza sobre os pontos que são necessários delegar, quais os riscos para o negócio quando não se delega e quais os riscos de centralizar e ficar somente no operacional. E capacitar a liderança para delegar não somente as atividades, mas também a tomada de decisão, e para isso, é fundamental olhar para a Cultura Organizacional.
A Cultura é o alicerce que vai direcionar as pessoas a tomarem decisões acertadas, na prática, para a evolução do negócio, ao mesmo tempo em que ajuda as lideranças a construir equipes mais autônomas e alinhadas entre si.
Portanto, é fundamental que as lideranças entendam qual o seu papel para a construção, fortalecimento e disseminação da Cultura Organizacional dentro da empresa. A liderança é o exemplo vivo da cultura e a responsável por multiplicar seus princípios, para que sejam os norteadores das decisões, diminuindo, com o tempo, a necessidade constante da participação das lideranças nas pequenas e médias decisões.
Nós, do Instituto Mudita, acreditamos e trabalhamos para que as lideranças humanizadas e estratégicas não apenas melhorem o seu desempenho e dos colaboradores, mas também fortaleçam a Cultura Organizacional e impulsionem o sucesso da organização a longo prazo. E fazemos isso através da nossa metodologia própria que aborda 5 pilares centrais: Cultura Organizacional, Propósito e Visão de Futuro, Lideranças Humanas e Estratégicas, Desenvolvimento Humano e Organizacional e Gestão e Performance.
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