Quando falamos de negócios e mudanças, percebemos que, na história, eles sempre existiram e sempre irão existir. O que mudou e continua mudando, é como ocorrem e em que velocidade estão se apresentando para nós.
Uma prova disso é que em 1942, o economista austríaco, Joseph Schumpeter, já falava em destruir o velho para construir o novo. Segundo Schumpeter, “O empreendedor é a pessoa que destrói a ordem econômica existente graças à introdução no mercado de novos produtos/serviços, pela criação de novas formas de gestão ou pela exploração de novos recursos, materiais e tecnologias”.
Acredito tanto nisso, que a base do desenvolvimento do Instituto Mudita é olhar para o indivíduo, empreendedor e líder, antes de olhar para as organizações. Afinal, quem gera mudanças dentro das empresas são as pessoas. Mesmo que essas mudanças sejam tecnológicas, pois a decisão e ação dependem sempre de uma pessoa para que elas aconteçam. Portanto, não existe mudança e transformação sem a mente do indivíduo estar aberta para quebrar paradigmas e desconstruir velhos hábitos e velhas percepções.
Em uma das nossas primeiras sessões, durante a Jornada de Criação e Inovação de Modelo de Negócios, realizada pelo Instituto Mudita, na qual sou facilitadora e mentora de um grupo de empreendedores, uma empreendedora iniciou a sua apresentação relatando o quanto era determinada e como era difícil lidar com mudanças. Rapidamente percebi que este seria um tema muito importante para o empreendedorismo.
Como aceitar que a mudança faz parte? Como aceitar que ela é inerente a ser empreendedor e líder? Que uma coisa não existe sem a outra? Se Schumpeter, em 1942, já trazia o empreendedorismo como “destruir o velho para criar o novo”, em uma época em que a velocidade das mudanças era ínfima perto dos dias atuais. O que pensar sobre os dias de hoje?
Gostar de empreender é gostar da mudança, é ser amiga e companheira dela. É entender que a todo momento precisamos construir e desconstruir nossas percepções e ideias, nossas crenças, nossos paradigmas, nossas pré-concepções. É praticamente estar a serviço da mudança, se colocando à disposição para agir em relação ao que ela nos apresenta e nos solicita.
E a velocidade que isso precisa acontecer, é crucial e determinante para o seu negócio continuar prosperando e gerando valor para os seus clientes. Nós precisamos estar atentos, estar conectados com o que nos move dentro do negócio. Precisamos acompanhar os movimentos de quem nós servimos através dos nossos negócios.
Só que para isso, não podemos permanecer mergulhados em problemas do dia a dia. Não podemos despender nosso tempo com micro gerenciamentos, com culpa de lideranças enfraquecidas pelas nossas próprias ações centralizadoras. Mas isso é assunto para outro dia, só isso gera assunto para outros cinco artigos.
Também precisamos ter o cuidado de não nos colocarmos em posição de vítima, reclamando ou negando as mudanças externas ao invés de acompanhá-las. O melhor ainda é que a gente possa ser o precursor das mudanças. Afinal, quando nos colocamos em estado de vítima, naturalmente não reagimos. Muitas vezes paralisados ou mesmo gastando energia reclamando e negando os acontecimentos. Neste lugar não geramos mudanças e transformações, pois para isso é necessário assumir qual a sua parcela de responsabilidade sobre tudo que está acontecendo ao seu redor.
Logo no início do Instituto Mudita, já atendia remotamente alguns dos meus clientes. Apesar de ter interesse em ampliar essa atuação e sabendo das tendências cada vez maiores para o remoto, esbarrava consideravelmente em alguns pontos: aceitação por parte do cliente, ou seja barreira cultural, pois muitos acreditavam que a entrega seria inferior por ser remoto, e também a minha barreira interna, de acreditar que esta barreira cultural era muito forte para ser vencida.
Continuei desenvolvendo meus serviços para atendimentos tanto presenciais físicos quanto presenciais remotos. A área de workshops e treinamentos em grupos eu mesma tinha algumas barreiras internas, pois sempre fui “uma pessoa de pessoas”. Contato físico é muito importante para mim, sou daquelas que vai na feira e precisa pegar a fruta na mão antes de comprar, só olhar não basta.
Quando aconteceu o isolamento, estava há quatro meses desenvolvendo um produto muito relevante para o mercado 100% presencial. Logo que veio a quarentena e o isolamento, meu primeiro pensamento foi – “Nossa como vai ficar este novo produto?”. Toda estratégia de marketing, prospecção e vendas já estavam criadas e planejadas para iniciar a prospecção em junho. Tudo 100% pronto.
Eu tinha duas opções: chorar e ficar reclamando por todo o tempo investido, ou olhar para o cenário, arregaçar as mangas e mudar tudo. Com certeza escolhi o segundo, um projeto que demorou quatro meses para ser construído demorou um mês para ser inteiramente repensado e adaptado para o universo remoto que, diferente do que muitos pensam, não é simplesmente mudar de canal de comunicação com o seu cliente. É repensar toda a interação e experiência do cliente.
Hoje, tenho orgulho em dizer que 100% dos serviços oferecidos pelo Instituto Mudita podem ser entregues remotamente, inclusive workshops e vivências. Só que para isso, alguns pontos foram cruciais para que a mudança fosse possível de forma rápida e eficiente.
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Propósitos claros: o propósito do Instituto Mudita permitiu que fosse o nosso guia para tomarmos decisões rápidas em conjunto, sem perder o foco da nossa essência.
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Rede de parceiros talentosos alinhados com a cultura e os propósitos do Instituto Mudita, prontos para apoiar e gerar as mudanças necessárias.
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Clareza de quem são os nossos clientes, das suas dores, de como tudo isso impactaria ele e como, através das nossas soluções, poderíamos nos adequar e continuar atendendo suas dores antigas e as novas que surgiram.
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Modelo de negócio claro, com técnicas e conhecimento profundo sobre ele, para rapidamente gerar as mudanças necessárias para adaptar o Instituto às novas demandas.
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Muito trabalho e dedicação, até conseguir atingir os objetivos estabelecidos e continuar entregando valor aos nossos clientes.
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Não ter medo da mudança e sim entender que faz parte, que é mais fácil surfar na onda do que remar contra a maré.
Como está a sua relação com a mudança? Ela é sua eterna companheira e parceira ou você foge e se esconde dela?