As empresas familiares têm cada vez mais mostrado a sua importância para a economia global.
Segundo o Índice de empresas familiares de 2021, realizado pela Ernst Young em parceria com a Universidade de St. Gallen, na Suíça, as 500 maiores empresas familiares do mundo geram 7,28 trilhões de dólares em receita e empregam 24,1 milhões de pessoas.
O que faz com que essas empresas representem a terceira maior contribuição econômica do mundo em receita, ficando atrás apenas de economias como a dos Estados Unidos e China.
No cenário brasileiro, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 90% das empresas brasileiras são familiares. Além disso, as empresas familiares no Brasil são responsáveis pela produção de 65% do Produto Interno Bruto (PIB), representando 75% da força de trabalho do país.
Muitas delas demonstraram resiliência e a capacidade de se reinventar ao longo dos anos, como os exemplos abaixo:
Pague Menos
O grupo cearense Pague Menos, terceira maior rede de farmácias do Brasil, é um dos casos de empresas familiares brasileiras bem-sucedidas. A rede foi criada em 1981 por Francisco Deusmar de Queirós, que continua na companhia.
Hoje, todos os quatros filhos de Deusmar fazem parte do negócio. Desde pequenos, eles acompanhavam o pai no trabalho, que sempre os incentivou a conhecer o ambiente da empresa.
Os herdeiros, porém, passaram por diferentes áreas antes de atingirem posições de destaque: as mulheres começaram pelo atendimento no balcão das farmácias e os homens pelo centro de distribuição. Dessa forma, alcançaram a receita para o sucesso: conhecendo as estruturas do negócio de perto e herdando o trabalho feito pelo pai.
Grupo Brasillojas
Antônio Albuquerque fundou a primeira loja do Grupo em 1978, na cidade de Pinheiro, na Baixada Maranhense. Desde então, o Grupo adquiriu histórias e crescimento, expandindo para 15 cidades da região e atuando nos segmentos de calçados, roupas, eletrodomésticos, perfumes e acessórios, entre outros.
Os filhos de Antônio não só viram os negócios do pai crescerem e se expandirem, mas também contribuíram para isso e, hoje, são seu braço direito.
Mas como fazer dar certo?
Um dos principais desafios em manter a estrutura de uma empresa familiar é o de realizar uma sucessão de forma a garantir a perpetuidade do modelo de negócio, a permanência da essência da cultura organizacional e a preservação dos interesses da família.
A sucessão familiar nada mais é do que a transição da gestão e propriedade de uma empresa familiar para as futuras gerações da família.
No entanto, os processos de sucessão de propriedade e de gestão podem gerar uma série de conflitos. Daí a importância de “passar o bastão” de uma maneira em que as expectativas entre sucessores e sucedidos sejam correspondidas.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) nomeada Sucessão em Empresas Familiares, as empresas familiares que querem continuar competitivas devem levar em consideração as diferenças entre as expectativas de quem está saindo e as de quem está chegando durante o processo de sucessão.
Porém, de acordo com uma pesquisa realizada pela PwC em 2018, 44% das empresas familiares no Brasil não possuem um plano de sucessão.
O processo de sucessão, que será abordado com mais detalhe abaixo, é fundamental para trazer clareza em relação ao papel desempenhado pelo fundador e sucessor e para apontar quais características são comuns aos dois, e quais diferem, com o intuito de construir uma cultura organizacional que soma o melhor de cada um.
Um dos focos do trabalho do Instituto Mudita é justamente esse, o de realizar o alinhamento de propósito e visões de futuro de quem está saindo com os de quem está chegando. Ao construir essa ponte, conseguimos trazer um maior respeito e cumplicidade entre os envolvidos durante a sucessão.
Processo de sucessão na prática
O diálogo e união da família são fundamentais na hora de traçar o plano de sucessão da empresa. O planejamento deve ser traçado com antecedência, formalizando o plano de sucessão e clarificando os papéis que serão assumidos pelos sucessores, familiares e membros não familiares do conselho.
Isso fará com que todos expressem seus pensamentos e sentimentos sobre o futuro da empresa, levando sempre em consideração as particularidades do modelo do negócio, bem como a sua estrutura e o tipo de patrimônio.
Além disso, é importante dar atenção ao encontro de gerações durante o plano de sucessão, já que ele pode gerar tensões.
Um exemplo bem comum é tentar fazer com que o sucessor tenha as mesmas características que o fundador. No entanto, tenha em mente que cada pessoa possui sua personalidade, sua bagagem pessoal e profissional e também viveu e vive em momento muito diferente, onde o ambiente em que está inserido também modifica sua forma de pensar e suas crenças sobre o negócio. E tudo isso não significa que as diferenças do sucessor irão impactar negativamente o modelo do negócio familiar.
O sucessor estará pronto para assumir quando estiver preparado. E isso pode envolver a capacitação profissional por meio de cursos e treinamentos, ou a própria experiência laboral e o mérito. No entanto, não basta somente buscar experiência e conhecimento, é preciso também respeitar a individualidade dos envolvidos no processo de sucessão.
O plano de sucessão tem como objetivo garantir a longevidade do negócio e o fortalecimento permanente da cultura organizacional.
O Instituto Mudita apoia os empreendedores no mapeamento da governança atual ao mesmo tempo em que traça o plano de sucessão futura, sempre respeitando e honrando o trabalho desenvolvido pelos fundadores e a inovação que pode ser trazida pelas gerações futuras.
No processo de sucessão, acreditamos que o autoconhecimento é fundamental no momento de unir diferentes visões de negócio e garantir a permanência de uma cultura organizacional que vai de encontro aos objetivos da família.
A fundadora do Instituto Mudita, Luana Pace, vivenciou processos de sucessão e, por isso, hoje ajuda muitas empresas a passarem por esse momento de maneira eficiente e com foco em preservar as relações familiares e garantir a sustentação do negócio a longo prazo.
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